Cerro
os olhos e cai morto o mundo inteiro
Ergo
as pálpebras e tudo volta a renascer
(Acho
que te criei no interior da minha mente)
Saem
valsando as estrelas, vermelhas e azuis,
Entra
a galope a arbitrária escuridão:
Cerro
os olhos e cai morto o mundo inteiro.
Enfeitiçaste-me,
em sonhos, para a cama,
Cantaste-me
para a loucura; beijaste-me para a insanidade.
(Acho
que te criei no interior de minha mente)
Tomba
Deus das alturas; abranda-se o fogo do inferno:
Retiram-se
os serafins e os homens de Satã:
Cerro
os olhos e cai morto o mundo inteiro.
Imaginei
que voltarias como prometeste
Envelheço,
porém, e esqueço-me do teu nome.
(Acho
que te criei no interior de minha mente)
Deveria,
em teu lugar, ter amado um falcão
Pelo
menos, com a primavera, retornam com estrondo
Cerro
os olhos e cai morto o mundo inteiro:
(Acho
que te criei no interior de minha mente.)
Sylvia
Plath , A Redoma de Cristal. Rio de Janeiro: Editora Artenova, 1971, p. 255.